quinta-feira, 31 de março de 2011

A Onda

Era uma linda manhã do ano de 2009. O sol brilhava e as ondas do mar estavam perfeitas para a prática de bodyboard.
A Matilde, uma rapariga de baixa estatura, olhos e cabelos castanhos, e o seu primo Gonçalo, um rapaz bonito de olhos azuis e cabelos louros, estavam ansiosos por irem para o mar. Naquele dia eles iam praticar uma manobra nova: o remoinho.
Fizeram o aquecimento à beira-mar e foram a correr para o oceano na esperança de apanharem uma boa onda. Mas a desilusão instalou-se, pois o que ao longe parecia perfeito tornou-se monótono.
De repente uma enorme, rápida e silenciosa onda cai sobre eles.
A Matilde e o Gonçalo andavam às voltas como numa montanha russa, era uma mistura de sargaço, pernas, braços a bracejar, areia e pranchas num esforço enorme na tentativa de sair daquele pesadelo.
Eis senão quando surge uma mão grande e musculada que os puxa para fora de água.
Refeitos do susto, quando abrem os olhos, apercebem-se que a água apenas lhes dá pelos joelhos.

Inês Costeira - 6ºF - EB 2/3 de Amares - 2010/2011

terça-feira, 15 de março de 2011

O Meu nascimento

Hoje de manhã saí muito cedo
Cedo da barriga da minha mãe
Mãe da minha vida
Vida que ela me deu
Deu com todo o amor eterno e desejado
Desejado o meu dia de nascer
Nascer com alegria
Alegria de me ver
Ver nascer
Nascer e crescer
Crescer e aprender
Aprender a comer e brincar
Brincar com os meus amigos
Amigos de infância
Infância de recordações
Recordações que nunca esqueci
Esqueci os momentos tristes
Tristes foram os trambolhões
Trambolhões alguns engraçados
Engraçados são os meus amigos
Amigos que estarão para sempre no meu coração.

Francisca Machado dos Santos  - 6º F - Escola E.B. 2/3 de Amares - 2011

quinta-feira, 3 de março de 2011

Fada Oriana

Era uma vez uma fada chamada Oriana, que vivia numa grande floresta. Nessa floresta viviam um Moleiro, sua mulher e seus onze filhos, um Lenhador, sua mulher e o filho deles, uma Velhinha e um Poeta, mais os animais e as plantas.
Um dia, enquanto Oriana brincava, apareceu a Rainha das Fadas Boas para lhe dizer que ia ser a fada daquela floresta e, por isso, Oriana tinha de lhe prometer que ia tomar conta da floresta e de todos os homens e animais que lá viviam. Oriana ficou toda contente e prometeu à Rainha das Fadas Boas que iria tomar conta da floresta para sempre e jamais a abandonaria.
Oriana, como fada que era, tinha umas asas, para voar muito depressa, e uma varinha de condão, para transformar as coisas, para fazer magia. E a partir do dia da sua promessa, Oriana passou a ter uma rotina diária, que começava logo de manhã bem cedo: primeiro ia a casa do Moleiro preparar o pequeno-almoço para todos e arrumar a casa, depois ia casa do Lenhador, que era muito pobre, e levava consigo três pedrinhas brancas, que transformava, com a sua varinha de condão, em coisas que eram necessárias à família. Ajudava a Velhinha a chegar à cidade, porque ela via muito mal e podia cair num buraco que havia na estrada. Esse buraco chamava-se abismo. Ajudava os animais e as plantas sempre que precisavam dela. E à noite ia fazer companhia ao seu amigo Poeta. E todos os dias repetia as mesmas tarefas ajudando e protegendo todos aqueles que precisavam.
Um dia quando passeava junto a um pequenino rio que havia na floresta, ouviu alguém chamar por ela. Era um peixinho que estava deitado na areia, quase a morrer por falta de água, e lhe pediu para o colocar novamente na água do rio. Ao colocá-lo, Oriana viu o seu reflexo na água e ficou muito contente, porque viu que era muito bonita. E perguntou ao peixe se ele a achava também muito bonita. O peixinho respondeu-lhe que era a pessoa mais bonita que algum dia tinha visto. Ficou tão contente ao ouvir isso que Oriana acabou por passar todo o dia junto ao rio a ver o seu reflexo na água.
Ao anoitecer Oriana foi visitar o seu amigo Poeta, que morava numa torre. Todos os dias ao anoitecer Oriana visitava-o. E ficavam juntos a conversar até ouvirem as doze badaladas do sino de uma igreja, que ficava ali perto.
Dia após dia a Fada Oriana cumpria a sua rotina, mas desde que viu a sua imagem no rio passou a ir mais vezes para junto dele ver o seu reflexo na água e conversar com o peixinho, para o ouvir dizer que ela era muito bonita.
Num certo dia o peixe disse-lhe que ela podia ficar ainda mais bonita, se ela se enfeitasse com coroas de flores e colares de pérolas. E Oriana começou a passar ainda mais tempo junto do rio e menos tempo a fazer as suas tarefas. Como no rio não havia pérolas para ela fazer colares, o peixe do rio disse-lhe para ir ao mar pedir a um peixe que lhe arranjasse as pérolas. E assim fez. Oriana foi até ao mar e pediu ao peixe Salomão que lhe trouxesse muitas pérolas. Mas as pérolas estavam muito longe e peixe Salomão disse-lhe para esperar sentada numa rocha junto ao mar. Ali passou sete dias e sete noites, sem ir à floresta e sem cumprir a sua promessa, de tomar conta todos os dias dos homens, animais e plantas que viviam na floresta.
Quando o peixe Salomão chegou com as pérolas, Oriana foi muito depressa para a floresta, mas quando chegou já lá não morava ninguém. Os homens foram para a cidade e os animais para o monte.
De repente apareceu a Rainha das Fadas Boas, que estava muito chateada porque ela não cumpriu a sua promessa. E para castigá-la a Rainha das Fadas Boas retirou as asas e a varinha de condão a Oriana. Agora Oriana já não era uma fada, porque tinha abandonado os homens e os animais que viviam na floresta e estes fugiram. Oriana ficou muito triste por ter acreditado no peixe do rio e por ter abandonado a floresta.
Agora, para voltar a ser uma fada, Oriana tinha de fazer voltar para a floresta todos os homens e animais que lá moravam. Sem esperar mais tempo, partiu para a cidade, que era muito, muito grande, à procura do Moleiro, do Lenhador e do Poeta. Perguntou a toda a gente que encontrava se sabiam onde eles moravam. Mas ninguém sabia. Até que um gato, que a ouviu perguntar, disse-lhe que sabia onde moravam as pessoas que ela procurava. Oriana foi com o gato, pelas ruas da cidade, até às casas dessas pessoas, mas as pessoas não acreditaram nela, porque ela já não era uma fada, não tinha asas, nem varinha de condão. O Moleiro disse-lhe que só ia outra vez para a floresta se ela encontrasse o seu filho que perdera. A mulher do Lenhador disse que só voltavam para a floresta se ela tirasse o marido da prisão, que estava preso por ter roubado dois cobertores para aquecer o filho, que morria de frio e eles não tinham dinheiro. E o Poeta só voltava para a floresta se Oriana voltasse a encantar a noite como fazia antigamente.
Muito triste, Oriana saiu da cidade e foi para o monte à procura dos animais. Quando encontrou os animais, reparou que com eles estava o filho do Moleiro que se tinha perdido e Oriana pediu-lhes que lhe entregassem o rapaz para ela entregar aos seus pais. Mas os animais não acreditavam nela, porque ela já não era uma fada, nem se quer tinha asas, nem varinha de condão. E não lhe deram o rapaz. Muito desanimada e triste por não conseguir levar o filho do Moleiro aos seus pais, Oriana resolve, então, voltar para a floresta.
A caminho da floresta surge repentinamente, mesmo à sua frente, uma fada muito bela, que lhe promete dar novas asas e nova varinha de condão, mas para isso tinha de lhe prometer uma coisa. Oriana fica cheia de felicidade por poder voltar a ser uma fada e pergunta-lhe o que é que tinha de fazer. Então a outra fada, que era muito bela, disse-lhe as coisas que ela tinha de fazer e eram tudo coisas muito más, porque essa fada que apareceu a Oriana era a Rainha das Fadas Más. Oriana, cheia de raiva, virou-se para ela e, de imediato, respondeu-lhe que não fazia o que ela lhe pedira e que preferia nunca mais ser uma fada, do que ter que fazer coisas más. E sem hesitar foi-se embora.
Oriana decidiu então ir também viver para a cidade, porque era lá que estavam as pessoas e era lá que as podia ajudar. Quando ia para a cidade viu ao longe a Velhinha, que quase já não via e caminhava toda curvada, amarrada a um pau. E a Velhinha estava muito perto do buraco que havia no caminho e que se chamava abismo. E Oriana estava ainda muito longe dela. Oriana correu, correu muito depressa para guiar a Velhinha. Mas ao chegar perto dela, a Velhinha deu mais um passo e caiu no buraco, que era muito fundo e muito escuro. Oriana nem pensou, nem se lembrou que já não tinha asas e saltou para o buraco para salvar a Velhinha. E as duas agarradas uma à outra caíam, caíam nesse buraco que se chama abismo e era muito fundo. Mas de repente, no escuro do abismo surge uma luz muito brilhante. Era a Rainha das Fadas Boas! E com a sua varinha de condão toca nos ombros de Oriana e dá-lhe novamente as suas asas de fada e a sua varinha de condão. E assim Oriana conseguiu salvar a Velhinha.
Muito contente por ter voltado a ser a Fada Oriana, voou rapidamente para o monte a fim de encontrar os animais e o filho do Moleiro. Pegou no rapaz e voou ainda mais rapidamente para a cidade para o entregar a seus pais, que ficaram muito contentes e decidiram logo voltar para a floresta. De imediato foi até à prisão e com a sua varinha de condão soltou o Lenhador, que logo decidiu voltar novamente para a floresta. Já estava a ficar noite quando Oriana encontrou o Poeta num café da cidade e o levou novamente para a sua torre que ficava na floresta. Os animais também voltaram todos para a floresta. E Oriana prometeu novamente que de agora em diante jamais os abandonaria. E o Poeta pediu à Fada Oriana, como costumava pedir antigamente: - Encanta a noite, Oriana!
E a Fada Oriana com a sua varinha de condão encantou a noite como dantes.


(Versão da Fada Oriana de Sophia de Mello Breyner Andresen – David Carpinteiro)