terça-feira, 18 de janeiro de 2011

O Sino de Ouro

         Diz-se por aí que entre Caldelas e Bouro existe um sino de ouro, que está enterrado no monte que separa estas duas localidades. Esta é uma história muito antiga, que tem passado de geração em geração, mas sem nunca se comprovar a sua veracidade.
       Intrigados com este caso, os alunos do 5ºK decidiram organizar uma expedição ao monte, em busca do sino de ouro.
       Primeiro combinaram o dia ou dias em que iria decorrer a tal campanha. Depois decidiram o que cada um tinha de levar.
       Após algumas reuniões de preparação a Bruna disse:
       - Atenção pessoal. Tive uma ideia! E se organizássemos um acampamento nas férias de Natal?
       - Boa!... - disseram todos.
       -Assim, temos tempo suficiente para procurar o famoso sino de ouro - concluiu o João Abel.
       A turma reuniu novamente e viram que era necessário ter um adulto, que fosse responsável, para os acompanhar. De imediato pediram ao professor David para os acompanhar, que prontamente aceitou o convite.
       Os alunos andavam radiantes com a ideia do acampamento e ansiosos que chegasse o dia 19 de Dezembro, que era o data em que a façanha ia começar.
       Às nove da manhã desse dia frio de Dezembro já estavam todos os alunos do 5ºk à porta da escola, local escolhido para a partida. O pai do Ruben levou a sua carrinha para transportar os utensílios e as mochilas dos nossos exploradores.
         De imediato, professor e alunos começaram a jornada em direcção ao monte. Depois de três horas de alegre caminhada chegaram ao local onde tudo iria acontecer.      Alegres, mas cansados e cheios de fome não sabiam o que iriam comer. Ninguém estava com vontade, nem com forças para preparar uma refeição. E de repente um enorme grito de alegria se fez ecoar no monte. O pai do Ruben passou na pizzaria e levou pizzas e sumos para todos.
         Após reconfortante refeição era hora de montar o acampamento. Rapidamente as tendas ficaram alinhadas em duas alas, uma masculina e outra feminina. Construiu-se, também, uma cabana que servia de cozinha e arrecadação. Tratou-se, ainda, do local para a higiene pessoal e dejectos corporais.    Depois de as instalações terem ficado prontas, o professor David reuniu toda a turma e em conjunto estabeleceram regras para uma convivência saudável. Todos tinham tarefas diárias a cumprir no campo.
         No primeiro dia, à noite, fizeram uma fogueira à volta da qual se reuniram depois do jantar a contar histórias e a cantar.
         Domingo de manhã. Todos acordaram cedo, porque estavam desejosos de iniciar as escavações à procura do sino de ouro. Antes de qualquer trabalho pegaram num velho mapa feito à mão pelo trisavô do João Abel. Analisaram-no com cuidado e seguiram todas as indicações que nele constavam.         Primeiro marcaram o local com umas estacas, para delimitar a área da intervenção.
         Os primeiros trabalhos realizados foram de limpeza do espaço. Com enxadas e forquilhas nas mãos, em poucas horas limparam todo o mato existente. E depois foi necessário tratar das mazelas das mãos e das pernas, provocadas pelo intenso trabalho e pelos espinhos das silvas. A Cátia e a Patrícia foram as mais afectadas e, por isso, ficaram com outras tarefas menos pesadas e juntaram-se ao João Carlos, à Diana e à Cláudia na preparação do almoço.
         Após a refeição começaram então os primeiros trabalhos de escavação. Com pás e picaretas via-se o Diogo, o André, o Filipe, o Francisco e o Luís Martins a retirarem os primeiros carrinhos de terra que eram transportados para outro local pela Vera, pelo Eduardo e pela Helena.
         A Antonieta seguia atentamente a evolução das obras e ia registando no mapa a área já escavada.
         Ao fim da tarde desse dia, toda a turma se reuniu para procurar novas estratégias a fim de poderem andar mais rapidamente, pois tinham concluído que nesse dia o trabalho executado fora pouco.
         Caiu a noite e depois do jantar já ninguém queria contar histórias, nem cantar.
         Na manhã do dia seguinte, enquanto os estudantes se levantavam e iam tomando o pequeno-almoço, preparado pela Marisa e pela Márcia, já o professor David andava a remover umas enormes pedras com a ajuda do Luís Machado e da Catarina, que tinham acordado mais cedo.
         Nessa manhã foi toda a gente mobilizada para as escavações, excepto as lesionadas que foram à aldeia comprar frango assado para a refeição. Com o contributo empenhado de todos ficou bem visível a evolução dos trabalhos. Mas… nenhum sinal do Sino de Ouro.
         O Gonçalo, já estoirado de tanto trabalho, queria ir embora e achava que todo aquele esforço era de loucos e já não acreditava que ali houvesse qualquer coisa para além de terra e pedras. Prontamente os seus colegas contrariaram a sua ideia e afirmaram que só sairiam daquele monte quando encontrassem a razão do seu labor.
         O frango assado já estava na mesa pronto para ser devorado pelos esfomeados operários. No fim da refeição a Eva e a Joana ficaram a arrumar as instalações alimentares, tratando de lavar a loiça e preparar o lanche da tarde.
         Novamente no campo de batalha, todos se esforçavam para uma faina mais eficiente. No sítio indicado no mapa, onde provavelmente se encontraria o lendário sino, as escavações já levavam dois metros de profundidade. A Bruna Carvalho, já cansada, começava a perder a esperança de se encontrar ali qualquer coisa. Nessa altura o professor David pediu o mapa à Antonieta e após uma análise mais atenta e tendo escutado a opinião dos outros membros, concluiu-se que afinal de contas o lugar onde deveria estar o sino era no lado oposto. A desilusão era enorme e o José Pedro queria bater na Antonieta por esta não ter dado as indicações correctas e estar a ver o mapa ao contrário.
         Após o lanche, o desejo de ir embora já reinava na maioria dos alunos. Foi então que o Nuno sugeriu que era melhor descansar mais nesse dia, para que os ânimos de todos não desanimassem e assim recuperariam força e determinação para no dia seguinte continuar a nobre tarefa a que se tinham proposto. Assim, o resto desse dia foi passado em divertidas actividades.
         Ainda o sol, da manhã do quarto dia, não tinha nascido, já o José Daniel preparava o pequeno-almoço para toda a gente, que entretanto foi acordada ao som de um rebanho de cabritas, que pastavam ali mesmo ao lado. Findas as actividades matinais do acampamento, todos pegaram no material necessário e foram à procura do sino de ouro.
         Retemperados do fracasso do dia anterior, cantavam belas canções enquanto escavavam. Repentinamente ouve-se com estrondo o bater de uma picareta numa placa de pedra. Todos acorreram ao local onde estava o André. Um olhar mais atento da Catarina revelou que naquela pedra estavam inscritos uns símbolos estranhos. De imediato começaram a tirar a terra que estava em cima da pedra e puderam observar uma magnífica lápide. Era o sinal que alguma coisa estava para acontecer. Nesse momento todos estavam excitadíssimos e queriam levantar a lápide o mais depressa possível.
         Com a colaboração de todos, retiraram cuidadosamente aquela lápide de pedra. E com grande surpresa e espanto, descobriram, debaixo daquela pedra, uma entrada para uma gruta. Enquanto uns preparavam uma escada de madeira para descer, outros foram de imediato buscar as lanternas, enquanto dois ou três estavam ao telemóvel a contar as novidades aos pais.
         Cheio de coragem, e como a situação exigia muita responsabilidade, o professor David foi o primeiro a entrar na gruta para averiguar as condições de segurança. Mal apontou a luz para o tecto da gruta, um pequeno bando de morcegos voou para cima dele. Na tentativa de se livrar dos noctívagos animais partiu a lanterna e às escuras bateu com a cabeça na parede. Felizmente não houve nada de grave, apenas uns arranhões.

         Entretanto já o João Carlos descia as escadas com outra lanterna e logo a seguir todos quiseram entrar. Como o espaço era grande e não era visível qualquer perigo, todos os alunos puderam descer. Maravilhados com a descoberta, começaram a afirmar que o sino que procuravam devia encontrar-se ali. Nessa altura a Marisa reparou que uma pedra da gruta possuía os mesmos símbolos que estavam inscritos na lápide que tinham anteriormente removido. Então a Vera sugeriu que se arrancasse também aquela pedra, porque podia ser o esconderijo do sino de ouro.
         Imediatamente o Diogo, o Eduardo e o Gonçalo, mais as Brunas e a Helena foram buscar as ferramentas para se poder afastar a pedra. Estavam todos muito inquietos e todos queriam participar naquela palpitante tarefa. E já era possível desviar a pedra. Cuidadosamente tiraram-na do seu lugar. Apenas um buraco escuro ficou a descoberto, mas quando apontaram as lanternas para lá surgiu um intenso brilho dourado:
         - É o sino de ouro! - gritaram eufóricos os alunos.
         Todos se apressaram a ligar aos pais dando a excitante notícia. Em pouco tempo já eram muitos os pais que se encontravam naquele lugar. Chegaram também os jornalistas da rádio, dos jornais e até da televisão, que de imediato começaram a fazer directos. Chegaram também investigadores, o presidente da Câmara e a G.N.R. para pôr ordem naquele local, pois o trânsito começava a intensificar-se. Milhares de pessoas dirigiam-se para o monte, onde tudo tinha acontecido.
         Com a ajuda dos arqueólogos e da maquinaria cedida pela Câmara Municipal foi retirado daquela gruta o lendário Sino de Ouro.
         O sino foi levado para um Museu, onde foi cuidadosamente limpo e catalogado.
         Entretanto a Câmara Municipal realizou obras naquele campo arqueológico onde foi encontrado o sino. Construiu acessos e um espaço museológico para que todas as pessoas pudessem visitar os importantes e magníficos achados desvendados pelos alunos do 5º K.
         Passado um ano realizou-se uma cerimónia que constava da devolução do Sino de Ouro ao local onde tinha sido encontrado e onde podia ser admirado por toda a população em dignas condições. Nessa cerimónia houve também uma homenagem, com entrega de medalhas do Município aos venturosos exploradores. E na presença das entidades oficiais, civis e religiosas, e de muitos ilustres convidados, acompanhados mais uma vez pelos órgãos da comunicação social, que noticiaram, em directo, todo o evento, foi descerrada uma lápide comemorativa onde está inscrito:
         “Aos bravos e corajosos descobridores do 5º K, da Escola E.B. 2/3 de Amares, que deram a conhecer ao mundo o Sino de Ouro, que jazia entre Caldelas e Bouro”.

David Carpinteiro e alunos do 5º K, Escola E.B. 2/3 de Amares - Ano Lectivo 2009/2010

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