terça-feira, 29 de maio de 2012

A bondade de Antonieta

                                                   
Era uma vez uma menina que tinha oito anos, chamava-se Antonieta. Ela era pobre, mas tinha um enorme coração. Também tinha uma família muito grande. Tinha cinco irmãos: o Serafim, o Fernando, o Augusto, o Avelino e o Manuel e tinha duas irmãs: a Joaquina e a Gorete. A sua mãe chamava-se Laurinda. O pai, infelizmente, tinha morrido há já algum tempo de uma doença muito grave.
Essa grande família vivia numa pequena e pobre casa. As crianças dormiam todas num quarto com oito camas e a mãe dormia num humilde quarto, ao lado do quarto das crianças. Junto da casa havia um alegre quintal com flores variadas e vegetais, que contribuíam para a alimentação da família. Noutro sítio, mais ao fundo, tinham alguns animais: vacas, porcos, pássaros, coelhos, ovelhas, patos e dois cavalos, para além dos cães e gatos, que andavam sempre muito divertidos e faziam companhia às crianças.
Antonieta e seus irmãos navegavam no mundo dos sonhos, quando, de repente, ouviram o cantar do galo, bem cedo, mais concretamente às sete horas da manhã. Levantaram-se, lavaram a cara, vestiram-se e fizeram as suas camas um pouco à pressa. Depois aqueceram cada seu caneco de leite com cevada e barraram o seu pão com manteiga, tudo isto de forma tão rápida, que nem esperaram que o leite arrefecesse. Claro que a coisa não correu bem, quando beberam o leite, também, queimaram o céu-da-boca todo. Pegaram no pão e comeram-no, mas, como sempre, atiraram umas migalhinhas aos patos.
Durante o dia faziam miminhos aos cães e aos gatos e brincavam todos às escondidinhas e à apanhadinha. Divertiam-se imenso! Brincavam, assim, toda a manhã até quando a mãe os chamava para a mesa almoçar. O primeiro como sempre era o Fernando e atrás vinham logo os outros a correr. Eles comiam pouco, uma canja de galinha e, para sobremesa, sempre fruta da época, conforme a estação do ano, já era uma excelente refeição. Ninguém reclamava! No fim ajudavam a arrumar a cozinha e iam dar de comer aos cães e aos gatos. Ainda lhes sobrava algum tempinho para algumas brincadeiras antes de soltarem o rebanho. Era a tarefa seguinte: levar o rebanho para o campo pastar. Mas não iam sozinhos. Com eles levavam a companhia dos cães para os ajudar a tomar conta de todas aquelas cabeças famintas de verde pasto. As tarefas pareciam não ter fim. Agora iam dar de beber à vaca e atirar milho a toda a bicharada com bico. Quando chegavam a casa, o Manuel acompanhava a sua mãe na ida ao mercado.
Antonieta e seus irmãos, apesar de crianças, depressa assumiram as responsabilidades dos adultos e faziam-no sempre com um sorriso estampado no rosto. E eram ágeis nos seus serviços. Nunca nenhum dos seus animais ficou com fome, ao contrário deles que, por vezes havia lugar para mais alguma coisita. Tudo estava programado e no fim das tarefas brincavam, brincavam. Um dia, quando Antonieta se preparava para se esconder, um rapaz foi contra ela. O rapaz tinha as roupas rasgadas. Ele não tinha mãe nem pai e os padrastos, que tomaram conta dele, tratavam-no mal e abandonaram-no e toda a gente o gozava. Ele só queria ter amigos nem que fosse só um!
Antonieta, depois da conversa que teve com o rapaz ficou com muita pena e achava que todos tinham o direito de ser felizes. Entretanto o irmão dela já tinha acabado de contar e ela reagiu apressadamente. Como pensava que a mãe o ia entregar a alguém, trancou o rapaz num quarto, onde ninguém ia. Ela levava-lhe o pequeno-almoço, o almoço, o jantar e às vezes o lanche, sempre às escondidas de todos.
Mas o rapaz, apesar de ter uma amiga, estava triste, cada vez mais triste, porque queria ser livre. Essa sua tristeza não durou muito mais tempo, porque Laurinda descobriu. Eles contaram-lhe toda a história e a mãe ia entregá-lo, mas quando viu o brilho nos olhos da filha decidiu que o ia deixar ficar e, a partir desse dia, tratou-o como mais um filho. Antonieta e ele construíram uma grande amizade. E toda a família acolheu este novo membro com muita alegria.

Rita Carpinteiro, nº 19, 5º G - EB 2/3 de Amares - 2011/2012

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